Viajar de transportes públicos pelo Norte de Portugal

Fev 11 2014

Viajar de transportes públicos pelo Norte de Portugal

Neste texto deixarei alguns apontamentos viagens em transportes públicos dentro do norte de Portugal, assim como algumas viagens para norte e para sul desta região.

Vivendo no Porto – o Porto é uma metrópole com mais de um milhão de habitantes, pioneira na integração tarifária e servida hoje em dia por uma moderna rede de transportes públicos. Metro, autocarros (da STCP ou de operadores privados) e uma rede de comboios suburbanos (se bem que mais de 50 km não é bem ‘suburbano’), o Porto oferece também facilidade nas longas distâncias, seja através dos longo-curso da CP, seja através de Expressos para vários destinos em Portugal e na Europa, seja na facilidade de utilização do Aeroporto, servido pelo Metro e com um crescimento em número de passageiros e de rotas ímpar em Portugal. O Porto de Leixões, com a construção do terminal, passará a ser cada vez mais um destino para navios de cruzeiro.

Em termos ferroviários, o Porto é a interseção entre a Linha do Minho (que traz passageiros do Alto Minho, de Braga e de Guimarães até ao Porto), a Linha do Douro e a Linha do Norte, e muitos dos comboios a circular nestas linhas fazem término na estação Porto – Campanhã. O centro da cidade é servido pela estação Porto – São Bento (Urbanos e Regionais). A estação de Ermesinde é também um importante centro de transportes públicos. A Linha de Leixões, que reabriu em 2009 para fechar pouco tempo depois, funciona neste momento apenas para mercadorias mas, se estivesse bem articulada com as restantes linhas, podia também ter um papel importante enquanto linha radial a servir o norte da metrópole.

As viagens de longo-curso para sul funcionam bastante bem, se bem que não existem ligações ferroviárias diretas para a Beira Interior. Nas viagens para norte (Galiza) existem algumas ligações rodoviárias (como as da Alsa), mas a opção ferroviária existe apenas nas viagens com origem / destino no Porto, já que o comboio internacional (substituído pelo Celta) deixou de fazer paragens intermédias. Ainda assim, a viagem continua a ser muito demorada e pouco confortável.

Com a introdução do Andante a intermodalidade ganhou um incremento notável. Tornou-se normal sair do metro para um autocarro (e vice-versa). Quanto ao comboio, a norte do Douro, a intermodalidade ainda não parece estar totalmente integrada nos hábitos da população (o Andante chegou apenas a Valongo). A sul do Douro, com um número escasso de operadores privados dentro do Andante e um número mínimo de linhas STCP (o grosso é a norte), existirá um número maior de utilizadores do Andante no comboio, já que os validadores existem até Espinho.

A Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto tem feito um esforço para alargar o sistema Andante a todos os operadores de transportes da AMP. Outra das suas ‘missões em curso’ é uma tentativa de concentração da oferta dos operadores privados em sítios-chave, já que existem terminais rodoviários (para médio e longo-curso) espalhados pela cidade (Trindade, Batalha). A primeira ‘aglomeração’ aconteceu na estação Casa da Música (que já era uma paragem da STCP), que passou a ser utilizada como terminal de empresas como a Alsa (internacionais), da Avic e da Internorte, que antes partiam da Praça da Galiza.

No centro do Porto existem também três linhas de elétrico e um funicular. Hoje em dia estes meios de transporte estão arredados do uso diário dos cidadãos, já que os títulos intermodais Andante estão progressivamente a desaparecer nestes meios de transporte, ficando cada vez mais direcionados para usos turísticos.

Vivendo no interior norte – quem vive em Trás-os-Montes e Alto Douro tem algumas opções nas deslocações de longo-curso, mas poucas ou nenhumas no médio-curso e em deslocações a nível local. Para quem tem a sorte de viver ao longo da Linha do Douro, principalmente entre a Régua e o Porto, tem várias opções de deslocação (envolvendo sempre transbordos em Porto – Campanhã quando o destino não é o Porto, já que os Intercidades foram descontinuados há bastantes anos). As opções ferroviárias ficam-se pelo Douro, já que a Linha do Tua está reduzida a 17 km entre o Cachão e Mirandela, sem ligação à restante rede ferroviária. Em deslocações para destinos como o Porto ou Lisboa existem autocarros, operados, p.e., pela Santos ou pela Transdev, que oferecem ligações diretas razoáveis para esses destinos (para outros destinos são necessários transbordos). No entanto, ao contrário do comboio, os horários são escassos ao longo do dia. Cidades como Vila Real ou Bragança têm sistemas de transporte público municipal, servindo vários destinos urbanos e concelhios. Para quem não conduz, o táxi é muita das vezes a única opção de deslocação.

Informação disponível (fora da internet e dos balcões de informação) – uma grande diferença entre utilizar transportes públicos na Área Metropolitana do Porto e fora dela (continuando pelo Norte de Portugal) é o acesso a informação sobre horários, rotas, etc. Na AMP, seja em estações de metro ou nas paragens STCP, existe informação detalhada sobre horários, rotas e tarifários, assim como em qualquer estação ferroviária. Nos outros operadores, a informação disponível nas paragens pode ir de bastante detalhada a inexistente. Quando dizemos ‘inexistente’ referimo-nos a paragens em que não existe qualquer informação sobre horários, rotas e tarifários, mas também a paragens em que nem sequer estão identificadas as operadoras que servem essa paragem. Existem também inúmeras paragens em que o próprio local de paragem do autocarro não está sinalizado. Fora da AMP a informação disponível é também muito variável, podendo passar de inexistente a bastante detalhada (normalmente nos sistemas municipais de transporte).

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